A palavra que uma pessoa mais gosta de ouvir é o seu próprio nome. Não sou eu quem diz isso, mas o americano Dale Carnegie em seu famosíssimo livro “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, talvez o precursor da literatura de autoajuda. A obra vendeu impressionantes 50 milhões de exemplares e continua sendo lido hoje em dia, mais de 80 anos após seu lançamento.
Desde logo, deixo claro ao prezado leitor que não indico livros; apenas fiz menção a este para dar os devidos créditos pela frase. Ele chega a dizer que o nome é para a própria pessoa, o som mais doce e importante.
Minha mãe me presenteou com este livro quando eu tinha uns 18 anos e algumas partes, como esta, ficaram em minha memória. Em muitos momentos ao longo da minha vida, pude notar que o Dale parecia ter razão neste aspecto.
Recordo de um alto executivo de uma empresa de grande porte na qual trabalhei. Eram muitos funcionários e espalhados em várias filiais. Assim, tornava-se praticamente impossível conhecê-los pelo nome. Em todas as reuniões realizadas por este executivo, ele solicitava que houvesse em cada posição na mesa, um prisma triangular onde cada participante escrevia o nome pelo qual era conhecido. Sempre iniciava a reunião cumprimentando um a um, citando o nome escrito no prisma. Depois prosseguia ao longo de todo o encontro, fazendo perguntas e referências às pessoas, sempre chamando todos pelos respectivos nomes. Era famoso por esta prática simples e seu poder de persuasão e liderança eram muito conhecidos na organização. A tática funcionava primorosamente.
Por outro lado, eu conheço um casal que o marido sempre se refere à esposa como “ela”, sem quase nunca falar o nome da coitada. Em conversa recente com o casal durante um jantar, sempre que queria se referir à esposa que estava ao seu lado, ele levantava levemente o dedo indicador na direção da vítima e pronunciava o indefectível “ela”. Nenhuma vez pronunciou seu nome. Até a mim aquilo incomodou, quanto mais à “ela”… Das duas uma: ou não conhece a frase do Dale ou então tem o divórcio como objetivo oculto.
Noto ainda algumas pessoas que concordam tanto com o Dale, que às vezes, ao falar entabulam diálogos consigo mesmo, tendo o cuidado de chamar-se pelo seu próprio nome — ou seu nome próprio. Ainda outro dia assisti um vídeo de um médico que dizia assim:
— Aí vocês podem me perguntar: Claudio, este remédio tem comprovação científica? E eu posso afirmar que sim, pois li todos os trabalhos publicados sobre o medicamento nas revistas especializadas. Eu, Claudio, tomaria o remédio sem maiores preocupações. Aí vem a dúvida: mas, Claudio, e se tiver efeitos colaterais?
Não sei a resposta, pois dei uma pausa para sempre no tal vídeo.
Para este tipo de pessoa autorreferencial, caberia um primeiro aperfeiçoamento na citação do Dale: a palavra que uma pessoa mais gosta de falar e ouvir, é o seu próprio nome”.
Tenho também um amigo que é mestre na arte de errar os nomes das pessoas. Memória fraca, mal acaba de ser apresentado à um Rodrigo e já o chama de Rogério. Chama Carla de Clara seguidas vezes, mesmo sendo corrigido por ela, gafe das gafes. Já chegou a chamar Renata de Ricarda! Alertei-o para a necessidade de utilizar algum recurso mnemônico, por exemplo, correlacionando o nome que acabou de escutar com algo da natureza: pois o sujeito, logo na primeira tentativa chamou Margarida de Florisbela…
Eu acho preferível não dizer o nome da pessoa do que errar. E vejo aí outro aprimoramento da citação: A palavra que uma pessoa menos gosta de ouvir é o seu próprio nome… errado!
Como sempre, gosto de contar uma história para ilustrar meu ponto de vista. Então vamos a ela.
Estava com minha família à beira de uma lagoa paradisíaca em Natal, no Rio Grande do Norte, onde é verão o ano inteiro. Ali colocavam mesas e cadeiras literalmente dentro d’água e os felizes frequentadores do bar ficavam sentados com água um pouco abaixo dos joelhos, desfrutando do sol e da temperatura agradável. Entre um gole e outro de cerveja ou caipirinha, era possível partir para um mergulho diretamente da cadeira, num trajeto refrescante e transparente por dentro da lagoa. Cenas de cinema.
Por um exagero do destino, fomos atendidos por um rapaz muito prestativo e bem humorado. Corria para trazer nossos pedidos e tinha sempre um sorriso no rosto, uma palavra gentil ou uma brincadeira. Enfim, um serviço perfeito de comidas quentes e bebidas geladas. Estava tão bom que, inspirado por Dale, perguntei:
— Como é o seu nome?
— Jim.
Garçom de bar chamado “Gim”, que foi o que tinha entendido, é simplesmente uma perfeição.
Segui na conversa:
— Tem como reservarmos uma mesa quando quisermos vir aqui?
— Sim. É só me ligar. Vou pegar o meu cartão e basta me avisar que separo uma boa mesa para vocês.
Em pouco tempo voltou com um cartão de visita onde se lia ao centro seu nome. Não pude acreditar.
— Aqui é o seu nome?
— Sim. Meu nome é Jingo Bell.
Diante de nossa estupefação, acrescentou:
— Aqui é Natal, certo? Foi coisa da minha mãe…
Estava ali mais uma exceção à regra de Dale: a palavra que uma pessoa menos gosta de ouvir é o seu próprio nome… quando não gosta dele.”
Dizem que a gente perde o amigo, mas não perde a piada. Aquele amigo eu não queria perder. Então guardei para mim a pergunta:
— E sua irmã é Mary Chrístinas?
Antonio Carlos Sarmento
Kkkkk morei em Natal e conheço esse lugar citado. Conheci na bahia Jean, Jeam, JEÃ, Jian… a turma tem uma criatividade inesgotável para nomes..,
Bom fim de semana, fiquem com Deus.
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Amigo Luigi,
Se esteve lá deve sentir saudades…
Por coincidência, meu genro chama-se Jean. E não Jeã hahahaha
Agora, pelo que tive notícia, os cartórios têm uma lista de nomes permitidos para registro exatamente para evitar excesso de “criatividade”…
Grande abraço, meu amigo, e uma semana de paz e alegrias!
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Tem pessoas que conseguem aprender gostar do nome , essa crônica é realmente muito boa, fez-me ri muito. Olha que nso6 rio com facilidade. Humor nunca é demais. Parabens6.
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José,
Muito obrigado pelo comentário.
Bom que se divertiu com a crônica.
Abraços e boa semana!
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Bem humorado e educativo, ficou uma pergunta, para não perder o amigo: Antônio, Carlos ou Sarmento?
Tenho acompanhado suas crônicas, muito boas.
Abraço.
Enviado do meu iPhone
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Fala Maurício!
Com alegria recebo seu comentário de que tem acompanhado as crônicas.
Muito obrigado!
Quanto à pergunta de fato me chamam por nome ou sobrenome dependendo do local em que me conheceram. Mas você não perderá o amigo, seja qual for a opção.
Grande abraço!
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Hahahaha…..Mary Chritinas foi demais!!
Também tive uma vizinha que só me chamava de Sandra e eu a corrigia inutilmente. Até que um dia a chamei de Rita ao invés de Rosa que era o nome dela, a danada sentiu na pele e nunca mais trocou!!!!
Realmente nosso nome ou apelido é a mais doce palavra, a forma como nos apresentamos ao mundo, né Cacau??
Bjkas lusitanas
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Valeu minha irmã!
Bom ter se divertido.
E esta crônica, logo no dia seguinte a ficarmos sabendo o nome do seu netinho que vem por aí, acabou sendo oportuna, não é?
Felizmente não se chamará Setembrino… hahahaha
Beijos e uma maravilhosa semana!
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Setembrino…kkkkk
Nossos netinhos e seus apelidos:
Dudu,. Nina, Gui e Tom
Que turminha Boa!!!!
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Adorei, como sempre.
Essa questão de nome é importante. Já confundi nomes e já me chamaram de outros nomes.
Situações, às vezes, constrangedoras.
Parabéns!
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Grato por comentar, Cris!
Acho que quase todo mundo já confundiu nomes. Só não tem perdão errar o nome do namorado… hahaha
Bjs e ótima semana a você e meu amigo Guimo! Vi ele recebendo a vacina numa postagem do Facebook.
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É uma grande realidade, as pessoas gostam que lembrem do seu nome, acho muito simpático, educado e pode até “abrir portas” em diversas situações.
O final dei gargalhadas, muito bom!
Valeu, Luiz Carlos! HAHAHAHAHA
Ótimo Domingo!
Abraços, Cacau
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Querido amigo Chico,
Você se divertiu com a crônica e eu com o seu comentário. Estou até pensando em mandar para o verdadeiro Luiz Carlos… hahahaha
Se fiz você dar uma gargalhada num domingo, já valeu a crônica!
Bjs e um maravilhoso domingo para você, Pedrão e Helen!
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Querido amigo, suas crônicas me levam sempre a refletir alguma coisa parecida na minha vida.
Me diverti com essa de nomes. Nem quero contar como me colocaram o nome de Newton e nem o meu apelido de família, que me foi colocado pelo meu padrinho. O nome eu gostei mas o apelido detestei. Só perdoei o padrinho porque sou cristão.
Obrigado e excelente domingo!
Abraços.
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Amigo Newton,
Ainda bem que o chamo pelo nome que gosta: Dale não me perdoaria…
Obrigado por seu comentário e por compartilhar um pouco de suas histórias.
Desejo que você e Nuri estejam muito bem.
Um afetuoso abraço!
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Prezado Antonio Carlos:
Eu tinha um conhecido que insistia e chamar-me de Claudio, embora em tais ocasiões fosse por mim referenciado que o meu nome era Carlos.
Passou-se anos e continuava sendo chamado de Claudio.
Um belo ida, meu pai que estava junto de mim, repreendeu severamente o meu amigo, informando-lhe que o eu nome era Carlos e que não admitia que me fosse posto algum apelido.
Por incrível que pareça, depois da reprimenda, passou a me chamar de Carlos, porém, observa-se, com grande relutância e muito sem jeito.
Sds. e parabéns pelo artigo.
Carlos Vieira Reis
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Querido amigo Carlos,
O bom foi a crônica fazer você lembrar suas histórias e seu pai.
Mas pelo que eu saiba, no ambiente dos carros antigos, o amigo é famoso como Carlão, certo? hahahaha
Um grande abraço e desejo uma ótima semana junto à sua família!
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Hahaha, Kátia com K, sempre!!!!
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Kátia,
Valeu o comentário. Pelo jeito já andaram escrevendo seu nome de forma errada, mas para sua sorte a pronúncia é a mesma… hahahaha
Bjs e uma semana a você, Moisés e toda a família!
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Há algum tempo atrás fui em praias do sul da Bahia e também me deparei com esta perda de identidade cultural tanto nos nomes como nas músicas.
É uma questão de expectativas.
Fiquei triste pois o Nordeste é riquíssimo culturalmente.
Enfim, a única certeza da vida é a mudança!
Abraços
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Caro Rômulo,
Realmente nosso país é riquíssimo culturalmente. E é preciso preservar e valorizar nossa cultura.
Nesta questão de nomes, até aqui em Portugal como também no Brasil, foi preciso uma intervenção do Governo, elaborando uma lista dos nomes cujo registro é permitido.
Obrigado por seu comentário, meu primo.
Desejo uma maravilhosa semana à você e toda a família!
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Muito bom!!! Tive um funcionário que no primeiro dia de trabalho eu apresentei a toda a equipe como Clovis. Ao final do expediente, quando foi assinar o recibo para receber o dinheiro do vale-transporte falou com minha secretária: tudo certo mas meu nome é Cleber e não Clovis. Como assim pergunta ela. Estamos te chamando de Clovis desde que vc chegou. Por que não nos corrigiu? Porque a Dra. Lucia podia não gostar do meu nome verdadeiro…Quase morri de vergonha e me senti muito mal com essa história.
Beijão.
Ps: já voltou?
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Amiga Lúcia,
Esta sua história está ótima. Podia até ter entrado na crônica…
O Cleber até hoje deve lembrar de você. hahaha
Obrigado por compartilhar.
Beijos e uma ótima semana!
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Crônica ótima como sempre! Como a idade está chegando vou prestar mais atenção aos nomes porque a memória está ficando fraca!ABS. Saúde
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Amigo Mario Guilherme,
Fique atento aí: já esqueceu seu próprio nome… hahahaha
Obrigado por acompanhar as crônicas e sempre comentar.
Grande abraço e uma excelente semana!
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Querido amigo.
Sofri um pouco na minha infância com esse problema de nome.
Por uma questão familiar e crença religiosa fui batizado com lindo nome de Nei Sebastião.
Pedindo perdão ao belo Santo eu detestava ser chamado de Sebastião, Tião e muito menos como meus padrinhos me chamavam. Janjão…
Era um drama. Até hoje tenho velhissimos amigos que me chamam de Tião. Mas são amigos…..
Com a chegada da Jaciara isso acabou…
A minha vida militar alicerçou o Nei. Graças a Deus.
Mas rendo minhas referências ao Santo.
Bela crônica. Parabéns amigo Cacau…
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Amigo Nei,
Interessante que com um primeiro nome tão curto e sonoro, alguns ainda tenham preferido te chamar por apelidos.
Felizmente conseguiu consolidar o Nei e livrou-se dos chamamentos que não gostava.
Eu, ao contrário, sempre gostei do meu apelido de Cacau.
Realmente o nome é sempre importante e alguns pais muitas vezes não avaliam bem esta questão.
Muito obrigado por compartilhar suas histórias e sempre comentar as crônicas.
Um afetuoso abraço a você e Jaciara!
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Kkkkkkk… mas, gente! Impressionante. Ainda bem que ele leva de boa e logo se justifica.
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Fefe,
Não sei se leva tão bem, pois se auto apelidou de Jim… Mas estava sempre alegre e portanto de bem com a vida.
Esta crônica acabou sendo oportuna, logo após o chá revelação do Marcos Antonio: como deveremos chamá-lo? Pelo nome composto ou os pais admitem algum apelido? Parece bobagem mas acho um ponto importante.
Beijos e continue cuidando muito bem deste nenenzinho, até Setembro chegar. Deus os abençoe!
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Tenho dúvidas quanto à validade da frase. Acho que depende muito da forma como o nome é dito (e a “completude” dele). Por exemplo: se minha mãe chama por mim de modo afável ou no diminutivo, gosto. Se chama em tom de fúria e pelo nome completo, melhor seria não ouvir.
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Isso aí Pedro.
Me fez lembrar que minha mãe usava um artifício: chamava-me pelo apelido nos momentos carinhosos e pelo nome próprio para repreender. Quando eu ouvia “Antonio Carlos” já sabia que era bronca…
Obrigado pelo comentário e tenha uma excelente semana!
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Prezado Amigo, Muito boa tarde, Você me recordar da minha infância, quando minha mãe falou deste livro para nós, eu e minha irmã, nunca mais esqueci o título e o nome do Autor, mas uma frase ou outra, admito que não recordo . . . Mas, ter uma irmã com o nome de Mary Christmas, é surreal . . . Boa semana e recomendações à Sônia, à Tatiana, ao Jean e ao Gui.
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Meu caro amigo JH,
Lembrar da infância é sempre muito bom. E a crônica te proporcionou isto, o que e deixa contente.
Obrigado por comentar.
Desejo ao amigo e sua querida família uma excelente semana!
Abraços
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Meu prezado amigo, Antônio Carlos.
Muito bem articulado o texto de sua crônica.
Parabéns !
Oslúzio
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Meu querido amigo Oslúzio,
Agradeço muito seu comentário e fico contente que tenha gostado da crônica.
Um fraterno abraço a você e sua amada família!
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Ei Cacau!
Realmente, ouvir nosso nome desperta sentimentos que transitam entre consideraçao, simpatia, atenção, preocupação ( aqui uma lembrança comum a todos: a mãe)…
Bem- vindos, também, os apelidos, principalmente quando diminutivos do próprio nome, pela sensaçao de afeto e de afinidade que sugerem.
E tem ainda aquele nome, só para nós , que alguém elege para nos tratar. Aqui fica a lembrança de tia Glorinha que só se referia a tio Alfredo como ” querido” e do meu amado que me chamava de ” bela”.
Esse era o ( meu) nome que eu mais gostava de ouvir.
Beijo
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Querida prima,
Concordo com seu acréscimo sobre os apelidos: eu mesmo sempre gostei de ser chamado de Cacau.
Agora fiquei na dúvida se o apelido Gena te agrada… hahaha
Muito obrigado pelo comentário.
Beijos e uma semana muito feliz junto aos seus!
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