OS CORCUNDAS

Um leitor me pediu que escrevesse uma crônica sobre certo tema. Pensei em atendê-lo. Diante de tantas possibilidades, não me custaria focar naquele assunto que está sendo desejado por alguém que prestigia minhas crônicas. Afinal, para escrever a gente precisa de inspiração e leitores.

Munido do desejo de satisfazer aquele raro pedido, risquei, rabisquei e não saí do lugar. Fui e voltei, escrevi e deletei, reli e não gostei, fiz tentativas e me frustrei. Definitivamente não tenho este talento. Devo ficar ao sabor dos ventos da inspiração, embora isso seja muitas vezes aflitivo, pois a crônica tem que ser produzida, tem data para publicação.

Felizmente, me permiti um compromisso não muito exigente de um texto por semana e assim vou degustando mais liberdade que escravidão na tarefa de escrever. Depois da frustrada tentativa penso em colocar uma placa na minha oficina de escrita: Não aceito encomendas!

Ainda outro dia li um texto de Graciliano Ramos que descrevia esta liberdade do escritor:

“Posso andar para a direita e para a esquerda como um vagabundo, deter-me em longas paradas, saltar passagens desprovidas de interesse, passear, correr, voltar a lugares conhecidos. Omitirei acontecimentos essenciais ou mencioná-los-ei de relance, como se os enxergasse pelos vidros pequenos de um binóculo; ampliarei insignificâncias, repeti-las-ei até cansar, se isto me parecer conveniente.”

Grande Graciliano, também é assim que quero escrever!

Entretanto, há algum tempo me pesa o pedido de meu irmão mais velho para que eu escreva algo sobre a aposentadoria. Com nove anos a mais que eu, ainda permanece vinculado à uma empresa, cumprindo compromissos e afazeres. Decidi pagar com crônicas as dívidas de gratidão que tenho com ele, que não são poucas.

Passo então a contar apenas uma passagem sobre o tema e deixo o saldo da dívida para quitar em outras ocasiões, se for da vontade da tal inspiração que me comanda. Vamos ao caso.

Eu estava numa lenta fila de Banco — o que é um pleonasmo, pois em Bancos não existem filas rápidas.  Na minha frente, uma senhora de uns 50 anos também aguardava, naquela monotonia cansativa. Éramos eu e ela dançando separados naquele arrasta-pés sem música.

Pareceu-me receptiva a uma conversa e, para reduzir o tédio, comentei com ela:

— Parece que pegamos a fila mais lenta do Banco, não é?

— Verdade. Felizmente consegui um lugar para meu pai ficar sentado até a hora de chegar ao caixa — respondeu, virando-se um pouco em minha direção e apontando com o queixo um senhor de uns 75 anos.

Olhei na direção dele e não tive uma boa impressão. Estava com a barba feita, cabelos prateados e penteados, porém vestia uma surrada calça de moletom cinza e trazia nos pés uma sandália de tiras, tipo franciscana. Eu acho que o uso de calça de moletom fora de casa, especialmente as de cor cinza, constitui crime de maus tratos contra a terceira idade. E aquelas sandálias de mau gosto deveriam ser de uso exclusivo da congregação que lhes deu o nome. Eu prefiro as Carmelitas Descalças.

Para completar, o tal senhor estava envelopado numa camisa de tecido xadrez verde e branca, formando uma combinação tão esdrúxula de roupas, que já poderia ser classificado como crime doloso. Com estas vestimentas, acho que nem Brad Pitt se salvaria de passar uma má impressão…

Sem saber o que dizer, resolvi mentir à criminosa:

— Ele parece muito bem…

— Ah, sim. Tem boa saúde. Mas daqui a pouco vai começar a olhar o relógio — prenunciou.

Observei então que ele possuía um relógio de pulso avantajado, com mostrador redondo e pulseira preta.

— Com razão. Deve estar impaciente com esta longa espera — deduzi.

— Não. É que já são 11 horas.

— Hein?

— Eu explico. Ele gosta muito de cerveja. Mas já há alguns anos o médico limitou a bebida e permitiu que tomasse apenas duas latinhas na hora do almoço. Pois o senhor sabe que todo dia, perto das 11 horas, ele já senta à mesa e fica olhando o relógio o tempo todo até chegar a uma da tarde. É quando almoçamos e eu permito que tome a cerveja.

— Não diga…

— É sério. Onde estiver, a partir das 11 horas começa o frenesi do relógio. Em casa ele fica duas horas olhando para as paredes e para o relógio, torcendo para o tempo passar rápido e chegar a hora da sua cerveja. Nunca vi gostar tanto de uma bebida.

E eu nunca vi um desperdício de tempo e de vida tão descabido, pensei.

Não me conformei com a história e queria saber mais. Porém, a esta altura o arrasta-pés já havia nos conduzido próximo ao caixa e ela encerrou a conversa, absorta nas complicações da questão que tinha para resolver.

Eu, que por aqueles tempos já começava a pensar na aposentadoria, fiquei apavorado. Meu Deus, viver por duas latinhas de cerveja por dia era a última coisa que eu desejaria. Melhor trabalhar até a véspera do cemitério.

O fato me marcou e depois deste episódio banal demorei mais uns 5 anos para me aposentar. Aprendi que ter certeza daquilo que não queremos pode ser um bom caminho para descobrir o que realmente desejamos.

Em busca disso li alguns livros, onde apesar de muita teoria e obviedades, angariei algumas informações realmente úteis. Resolvi então ir para a prática e esquadrinhar a experiência de amigos que estavam já aposentados ou vivendo o mesmo momento que eu. Consultei-os com uma insistência irritante. É provável que ao me verem chegar, pensassem: lá vem ele novamente com aquelas perguntas constrangedoras sobre aposentadoria…

Encontrei de tudo. Alguns que tomaram a decisão mais por insatisfação e aborrecimento com seu trabalho, do que seduzidos por uma nova vida que poderiam ter — não era o meu caso. Outros, arrependidos, que perderam o entusiasmo e viviam a frustração do ócio. Houve também os que adoeceram e peregrinavam entre médicos, exames e remédios, sem encontrar alívio duradouro. Outros ainda, carregavam pesados fardos de queixas contra a nova etapa da vida, por passarem a realizar tarefas domésticas ou de apoio a filhos e netos, que antes não lhes cabia.

Claro, também encontrei os felizes. Aqueles que desfrutavam da vida como nunca e, se alguma lamentação havia, era por não terem se aposentado mais cedo. Dormiam melhor, comiam melhor, conviviam ricamente com a família e tinham finalmente as condições para exercer seus hobbies e preferências pessoais. Eram ocupados, trabalhavam, só que não mais por dinheiro e sim fazendo aquilo que realmente lhes dava prazer e trazia realização. Era para este clube que eu queria entrar.

Enfim, ouvi muito, falei pouco e fiz boas reflexões a partir da experiência alheia. Aquelas duas latas de cerveja me fizeram garimpar conselhos e amadurecer meus próprios planos. Posso dizer que aquele senhor e seu relógio de pulso me ajudaram a entrar para o clube que eu desejava. E no clube, entre outras coisas, escrevo hoje esta crônica.

É óbvio que, assim como as demais questões principais da vida, não há como repetirmos o caminho de outra pessoa. Portanto, nem para meu irmão nem para ninguém, posso oferecer fórmulas prontas. Para alívio do leitor e talvez frustração de meu irmão, deixo de relacionar os aprendizados e prescrições que me guiaram, já que só a mim se aplicam. A vida é muito rica e diversa para admitir script.

Um terno sob medida só veste bem no dono!

Nossa individualidade nos obriga a desenhar nosso próprio trajeto, singular e único. É como ensina um sábio dito popular:

O corcunda sabe como se deita!

Somos todos corcundas.

Antonio Carlos Sarmento

39 comentários em “OS CORCUNDAS”

  1. Tudo verdade que você escreveu meu amigo e irmão! Cada caso é um caso. Já estou há quase sete anos aposentado e continuo aproveitando a vida da melhor forma possível e cabível! Por isso você entende por que estamos quase sempre em Teresópolis. Um grande abraço e fiquem com Deus.

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    1. Meu querido amigo Aylton,
      Espero que desfrute muito das suas agradáveis estadias em Teresópolis.
      Com o seu bom humor e alegria é certo que aproveita bem este período da vida!
      Grande abraço e uma ótima semana!

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  2. Creio que a forma como iremos encarar a reforma já nasce um pouco connosco, pois tem muito a ver com a nossa natureza. E com a curiosidade, desejo de saber, criatividade, etc. etc, etc. Provavelmente quem apenas se dedicou a trabalhar a vida toda e pouco mais encontrou de interessante…vai arranjar rotinas e horários que preencham o seu dia “de trabalho”.
    Eu ainda não cheguei à reforma… mas o desejo é imeeeeeennnnnso!
    Este é sempre um assunto interessante de reflectir.

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  3. Ainda bem que você entrou para o time certo. Uma ótima escolha e acredito que:
    “Aprendi que ter certeza daquilo que não queremos pode ser um bom caminho para descobrir o que realmente desejamos.”
    Influenciou muito em nossa decisão de aposentadoria.
    Parabéns por mais uma bela crônica que nos faz refletir.
    😘

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  4. Querido amigo.
    Agradeço mais uma vez o presente dessa crônica e os vários recados que ele encerra. Tinha vários temas para sugerir mas diante desse alerta resolvi abortar…. A minha calça de moletom cinza resolvi jogar fora assim renovo o enxoval de saídas…. Obrigado amigo.
    Quanto ao exercício da aposentadoria é realmente um desafio …. Foi por isso que só me aposentei aos 79 anos por motivos alheios a minha vontade mas estou bem e agradecendo a sua amada presença no meu dia a dia trocando experiências de vida e convivência salutar. A única ressalva é que um bom vinho se coaduna melhor do que uma cerveja…. Parabéns amigo.

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    1. Querido amigo Nei,
      Aprecio demais seu bom humor! Dei boas risadas por ter jogado fora sua calça de moletom cinza. Afinal, quem não tem uma?
      Eu quero chegar aos 79 anos com a sua energia e alegria de viver.
      Quanto ao vinho, aguardo o momento de tomarmos juntos um belo exemplar indicado pelo Alexandre.
      Beijos pra Jaciara e que tenham um ótimo retorno ao Rio de Janeiro!

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  5. Você foi muito feliz e inteligente nessa frase:” Aprendi a ter certeza do que aquilo que não queremos pode ser um bom caminho para aquilo que queremos”
    Quantas vezes fazemos o que não queremos para agradar ou atender alguém e passamos por cima de nossa própria vontade.
    Isso, não quer dizer não atender ao próximo como sempre devemos fazer, mas atender no meio em que vivemos que muitas vezes exige de você, o que você não é…
    Muito bom!
    Traz ótima reflexão.
    Bjs

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    1. Meu irmão Chico,
      Fico feliz de ter levado a você uma “ótima reflexão”.
      É certo que muitas vezes temos que fazer o que não desejamos, mas é fundamental sabermos o que queremos.
      Parece óbvio, mas muitas vezes isto não está claro e ficamos vagando ao sabor dos acontecimentos e da vontade alheia.
      É aquela ideia: para quem não sabe onde quer chegar qualquer destino serve. Ou nenhum…
      Beijos e boa semana!

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  6. Sarmento li com atenção e prazer sua crônica/poesia de hoje.
    2 assuntos me calaram mais fundo: leitura e cervejinha.
    Comecemos pela última. Com humor te digo que é melhor a ansiedade pela hora da cervejinha do que a hora dos remédios, porque o último costuma ser o companheiro de nós, mais velhos…
    Quanto a leitura te faço um desabafo: a cada dia constato que as pessoas que nunca desenvolveram o hábito da leitura são bem rasas no raciocinio e acabam por se tornar facilmente manipulável nos comportamentos porque, creio, perdem a capacidade da análise crítica de tudo na vida e ai vira o “Fla ou Flu” sem perceber que existem outros “times” para se optar. Comecei o bom habito de ler na pos adolescência e isso me da muito prazer e uma certa sensação de que consigo pensar por mim mesmo. Mas nesses tempos bicudos no nosso país, cada vez mais me entristeço em ver amigos com boa formação escolar, sem capacidade de refletir sobre o quotidiano das coisas. Desculpe meu comentário/desabafo pelo tamanho e o assunto maçante mas o fiz porque respeito sua tolerância para com os chatos… kkkkkkk

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    1. Amigo Luigi,
      Seu comentário de forma alguma foi maçante.
      A leitura é mesmo fundamental.
      Exercita o cérebro, traz clareza e apura o raciocínio, além de ser uma companhia incomparável.
      Quem gosta de ler nunca fica entediado (salvo se o livro for ruim e aí é melhor abandoná-lo e pegar um dos bons. que existem aos milhares).
      Obrigado pelo rico comentário, meu amigo e uma excelente semana a você e sua família!

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  7. Prezado Antonio Carlos:
    Me agrego àqueles que tem o privilégio de apreciar a sua aposentadoria, que nos trouxe a feliz experiência de se poder contar com um exímio articulista.
    Sds.
    Carlos Vieira Reis

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      1. Luciana,
        Talvez não imagine como fico contente em saber que aprecia as crônicas.
        Agradeço muito seu comentário e a divulgação que vem fazendo dos meus escritos.
        Muito obrigado e desejo uma ótima semana!

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    1. Meu caro amigo Carlos,
      Nem sei como agradecer um comentário tão gentil.
      Ter você como leitor é um grande prestígio para mim.
      Ainda mais com assiduidade 100%!!!!
      Grande abraço meu amigo e uma excelente semana a você e sua família!

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  8. Meu amigo, minha aposentadoria foi uma opção por não aceitar a oferta abusiva pela empresa em que trabalhava. Considerei um desrespeito com uma profissional. Hoje, vejo que foi a melhor coisa que fiz. Beijão e saudades

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  9. Caro amigo “Tio Antonio”
    Parabéns pela crônica, me deliciei com a leitura. Aposentadoria deve ser pensada e repensada, significa mudança radical de vida, felizes os que conseguem preencher prazerosamente os espaços advindos dessa decisão. Com a graça de Deus entrei para esse seleto clube dos ocupados e felizes com a escolha/decisão, durante a pandemia não tão ocupada, por não poder reunir e agrupar.
    Abraços pra você e para “Tia Sônia!
    Saudades!!!

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    1. Tia Renusia,
      Que alegria receber seu comentário.
      Pelo que me lembro você entrou para o clube antes de mim e portanto desfruta há mais tempo, as delícias desta nova fase da vida.
      A pandemia está acabando, se Deus quiser e logo poderemos matar as saudades!
      Beijos

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  10. Nooossaa, adorei essas reflexões sobre essa etapa da vida tão delicada e que exige muita sabedoria pra tomadas de decisões que serão fundamentais pra viver bem até ….
    Gosto tanto da vida que nem consigo escrever “final ”
    Você me ajudou muito a chegar nesse período da minha licença “avoternidade”, onde estou disponível pro Tom e Fernanda com um prazer imenso, estreiando esse novo amor !!
    Que experiência linda, de Deus!!
    Parabéns e que nosso irmão possa fazer essa travessia com maestria, no tempo de cada um….

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  11. Querido Irmão,
    Maravilhosa essa sua crônica que nos faz refletir e no meu caso também constatar o quanto é prazeroso ser aposentada , vivo no corre-corre e não tenho tempo para cumprir meus agendamentos desejados que vão sendo adiados para o dia seguinte.
    Que nosso querido Irmão mais velho e mais experiente, possa breve “ter a certeza do que não quer e descubra o que realmente deseja “ para usufruir dias tranquilos e felizes de aposentadoria, dedicados à pintura, à Família, curtindo muito os netinhos Aquiles e Samuel e tudo o mais que seu coração desejar.

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  12. Querido amigo, mais uma excelente crônica para reflexão.
    Parabéns pelas colocações e algumas delas me dizem respeito.
    Saber o que não se quer é um bom começo para uma decisão.
    Forte abraço.

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  13. Olá Meu Amigo sarmento, Muito bom dia, De fato, não há como se viver a vida do outro, podemos e devemos sim, observarmos as experiências dos outros e as cotejarmos com as nossas, para ir traçando o percurso que desejamos fazer . . . Boa semana e recomendações à Sônia e aos familiares de além mar.

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  14. Querido primo,
    Para mim, aposentadoria é recomeço: novos planos, novo olhar para a familia, para os amigos; enfim, agradecer o tempo vivido e o sustento e partir para novas experiências, novas emoções.
    Percebo que, para espantar o tédio e a ociosidade, indispensável é que sempre tenhamos um objetivo a realizar- em qualquer idade.
    Tenho muito prazer em ouvir histórias de nossos queridos. Acredito que você também. Por isso, vou ilustrar esse tema com uma figura muito querida, exemplo de maior quilate:
    Um dia, fui ver a doce tia Nenem, já com 92 anos, mas ainda bonita, e ela, chorosa, desabafou que Laurenyr não a deixava cozinhar mais. Todos os dias, ela acordava feliz para preparar os conhecidos e triviais banquetes para a familia.
    Por isso, risonha, meiga, disposta a trabalhar e feliz aos 92 anos.
    Então, querido primo, nós trocamos as atividades, mas não nos aposentamos de viver.
    Beijos

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    1. Querida prima Gena,
      Na minha memória, nossa Tia Nenem foi uma das pessoas mais mais meigas, delicadas e felizes que já conheci.
      Você teve o privilégio de conviver com ela muito mais que eu e assim tem histórias e lembranças mais vivas.
      Fico com suas frases: aposentadoria é recomeço, não nos aposentamos de viver!!!
      Beijos prima e obrigado pelo comentário e por relembrar nossa doce tia.

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  15. Gostei bastante desta crônica amigo. Sua dívida com o mano está cumprida!
    Interessante, verdadeira e com um final perfeito. Dos finais sempre legais este merece o destaque de “fecho perfeito!!”

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    1. Amigo Rodolpho,
      Acho que você percebeu que sempre me preocupo em buscar um bom final.
      Penso que seja muito importante, pois provoca uma sensação que fica na memória de quem acabou de ler.
      Fico contente que tenha gostado!
      Grande abraço, meu amigo!

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