Não gosto muito de óculos escuros. Nem em mim, nem nos outros. Claro que o acessório traz conforto a quem usa, mas ensombra a fisionomia e oculta o estado de espírito da pessoa. É isso que me faz falta. Ah, o olhar, quanta coisa revela. A expressão maior de um rosto está nos olhos. Noto… Continuar lendo CINZA
Autor: Antonio Carlos Sarmento
3 ANOS DE CRÔNICAS E AGUDAS
Queridos leitores, Hoje completamos 3 anos de publicações aos domingos e alcançamos um total de 150 crônicas no ar. É aniversário do site e momento de agradecer a todos vocês que me acompanham, alguns há mais tempo, outros mais recentes, mas todos muito bem-vindos. São vocês que dão vida ao que escrevo. Algo escrito só… Continuar lendo 3 ANOS DE CRÔNICAS E AGUDAS
INVÁLIDO
Uma palavra me fez interromper a leitura de um ótimo clássico da literatura russa. Na obra, escrita no final do século 19, deparei-me com a palavra “inválido”. Referia-se à uma pessoa adoecida há longos anos, que usava uma cadeira de rodas, pois não mais possuía força para caminhar e precisava de apoio para realizar todas… Continuar lendo INVÁLIDO
AUTOMÁTICO
Estamos vivendo num mundo que cada vez mais funciona em modo automático. A gente se aproxima do carro e ele destrava as portas, anoitece e os faróis acendem, chove e os limpadores ligam, a gente sai dirigindo e as portas travam sozinhas. Em breve, nem dirigir será mais necessário, a chamada condução autônoma. Fico imaginando… Continuar lendo AUTOMÁTICO
PARALELEPÍPEDO
Acho que ninguém deve tentar pronunciar o título desta crônica. Eu sei que deveria tê-lo evitado, pois a palavra exige muito do aparelho vocal, obrigando a um desconfortável malabarismo da língua e dos lábios. Poderia ter trocado a deselegante palavra por “pedra de calçamento”, mas não o fiz pois lembrei que meu neto Guilherme, aos… Continuar lendo PARALELEPÍPEDO
DITO E FEITO
Em conversa de boteco o assunto é imprevisível. Além de mulher e futebol, temas preferenciais, o aumento do teor alcoólico costuma trazer reflexões de alto nível, quase filosóficas... — Não suporto estes ditados populares. As pessoas repetem sem pensar no que estão dizendo — disparou Marcelo. — Está de mau humor hoje, meu amigo? —… Continuar lendo DITO E FEITO
O MERGULHO
Eu me lembro do dia em que descobri que estava envelhecendo. Sim, porque a gente vai ficando velho sem sentir, sem um marco definido, sem uma festa para comemorar ou um velório para lamentar. Acontece de uma forma sub-reptícia, eu diria até meio furtiva ou fraudulenta. É praticamente um embuste. Mas vamos ao caso: eu… Continuar lendo O MERGULHO
SUBESTIMAR
Recentemente terminei de ler um livro de Stephen King em que o protagonista sobrevive por agir de maneira que os outros pensem que tem pouca cultura e raciocínio limitado. O famoso escritor usou a ideia de que quando se subestima o inimigo se caminha para a derrota. Assim, criou para o protagonista uma maneira de… Continuar lendo SUBESTIMAR
SAUDADES
A gente vive para sentir e deixar saudades. Claro, imagine que vazio deve haver naquele que não tem de que, nem de quem sentir saudade. Acho até impossível que exista alguém assim... O poeta Rubem Alves diz que saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar. Que coisa linda! Melhor que qualquer… Continuar lendo SAUDADES
CURIOSO
Toda criança é curiosa. E em duplo sentido. É curiosa pois quer saber sobre o mundo que a cerca, quer compreender as coisas e as pessoas, está em fase de descobrir, conhecer e assim vive a perguntar o porquê de tudo. Mas ao mesmo tempo a criança é curiosa por despertar o nosso interesse, apresentar… Continuar lendo CURIOSO
IMPROVISO
Mais vale planejar que improvisar. Via de regra, algo planejado, pensado previamente, mesmo se não executado totalmente, tende a trazer melhores resultados. Claro que a imprevisibilidade da vida exige também a nossa capacidade de improvisar. Mesmo nestas circunstâncias, se antes nos dedicamos a planejar, ficamos mais aptos para improvisar quando desejado, necessário ou inevitável. Não… Continuar lendo IMPROVISO
ACIDENTE RURAL
De que brincavam os meninos antes da invenção do automóvel? Esta indagação me ocorreu ao notar o fascínio de meu neto Guilherme pelos carrinhos de brinquedo. Desde que começou a entender um pouco melhor o mundo, próximo a 1 ano de idade, e até agora aos 3 anos, brincar com os carrinhos é a sua… Continuar lendo ACIDENTE RURAL
STREAMING
Livro bom é como um filme e filme bom é como um livro. No livro bom, o texto vai fazendo com que a gente possa ir “assistindo” os acontecimentos, visualizando os personagens, os cenários e parecemos estar “vendo” o desenrolar da história. No filme bom, o ver já nos é oferecido, mas quando a obra… Continuar lendo STREAMING
BOA PRAÇA
Ela estava sentada sozinha naquele banco de praça. Eu a vi de passagem. Poderia não ter percebido, mas alguma coisa me fez reparar na cena. Devia ter uns 25 anos, estava bem-vestida, com roupas claras e elegantes e os cabelos cuidadosamente penteados e entrelaçados. Em uma das mãos segurava uma bolsa e na outra, o… Continuar lendo BOA PRAÇA
NA PONTA DA LÍNGUA
Desde que comecei a escrever, minha atenção à língua portuguesa cresceu muito. Passei a reparar em mais detalhes no uso do português escrito, tanto no Brasil como em Portugal, e a encontrar muita beleza. Ao ler um texto, além do conteúdo, comecei de modo natural a focar também no estilo, no emprego das palavras, na… Continuar lendo NA PONTA DA LÍNGUA